A Festa das Cruzes em Barcelos 3 de Maio (Feriado Municipal)


É a primeira grande romaria do Norte, um misto de animação, luz, cor e alegria. É inegável que as Festas das Cruzes são, entre as festas populares minhotas,  as mais famosas e mais conhecidas, sendo por isso uma das romarias mais concorridas e típicas do Minho e um dos mais importantes acontecimentos da Vida de Barcelos. Sua origem remonta ao início do século XVI, onde no ano de 1504, sob o reinado de D. Manuel I, numa sexta-feira, dia 20 de Dezembro, por volta das 9 horas da manhã, quando o sapateiro João Pires regressava da missa da Ermida do Salvador, ao passar no campo da Feira, observou na terra, uma cruz de cor preta. Como não quis guardar só para si aquilo que considerou ser um sinal sagrado, alertou o povo que depressa veio ao local.

“A cruz apareceu sob a forma de uma nódoa negra que ia crescendo até se formar uma cruz perfeita em que a cor não ficava só à superfície mas penetrava em profundidade na terra por mais que se cave, sempre se acha.”
Este facto que recorda a “Cruz do Senhor Jesus”, fez nascer a devoção ao “Senhor da Cruz”. Primeiramente, surgiu um cruzeiro em pedra, logo em seguida uma ermida, para dois séculos mais tarde ser construído um magnífico templo, que hoje é o epicentro da Festa das Cruzes. Até ao século XIX, as festas tinham essencialmente um cariz religioso; aí acorriam centenas de romeiros, não só da região de Barcelos, mas de todo o país e da vizinha Galiza. No Século XX, à essência religiosa foram-se adicionando elementos de características profanas, bem visíveis no aspecto lúdico: carrocéis, barracas de diversão, corridas de Cavalos, espectáculos de circo, fogo de artifício, cortejos etnográficos, torneios e concursos, entre muitos outros acontecimentos de natureza Popular.
Vinham a pé, descalços, em romaria, cantando e dançando, com a “condessa” à cabeça onde transportavam o farnel. Esta era a ocasião, quase única do ano, em que as pessoas das freguesias rurais se deslocavam à cidade e aproveitavam a Festa das Cruzes como pretexto de encontro para os mais velhos que utilizavam a Feira para fazer negócios. Cumpriam também promessas e divertiam-se. Para os mais novos, estes dias serviam para arranjar “namoricos”, “folgar” e marcar novos encontros que muitas vezes davam em namoros e casamentos. Tal como no passado, as Festas das Cruzes mantêm grande importância a nível económico, cultural e social, e por isso continua a despertar o interesse e a curiosidade de muitos visitantes, especialmente de espanhóis.

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